Pois é, eu sei que o mundo não é perfeito, por isso estamos ai na luta. Chato ter de lutar pelo direito de ser quem se é. Por exemplo, as arvores, não reclamam entre si que uma é um limoeiro e a outra uma macieira. Entre maçãs e limões, cada qual segue o seu destino, produzindo o fruto que for. Deveria ser natural simplesmente existir e pronto. Desde quando nós, seres humanos nos tornamos tão implicantes uns com os outros devido às diferenças? Se algum psicólogo, antropólogo ou algum outro estudioso de ciências humanas tiver alguma resposta mesmo que esboçada e não absoluta pra compartilhar, eu quero saber.
Recebi uma bela sugestão de postagem e estou repassando pra quem acompanha a causa das pessoas plus size.
Attractive and Fat
por Suzanne
Em resposta à recente repercussão dos comentários do CEO da marca de roupas Abercrombie & Fitch, Mike Jeffries, que declarou há alguns anos o fato de sua marca ser feita para pessoas magras, a “Militant Baker” Jes publicou uma carta em seu blog e criou uma série de fotografias. Jes é modelo plus-size e ativista em favor das minorias. Na publicação, a americana apresenta sua série “Attractive and Fat”, onde posa, nua ou usando roupas da marca de Mike (que não tem tamanhos extra-grandes para mulheres) e interagindo com um modelo dito “atraente”, na concepção do CEO. Com isso, ela aponta para o fato de que, apesar de haver um aumento da visibilidade dos modelos plus size, eles dificilmente aparecem nos mesmos ensaios que modelos magros.
Confira a tradução de trechos da carta e a série “Attractive and Fat”.
Hey Mike,
Antes de tudo: sua opinião não é chocante: milhões de pessoas compartilham da mesma opinião que a sua. Você usou sua riqueza e aparição pública para ecoar o que muitos já vêm dizendo. No entanto, é importante que você saiba que seus comentários não impedem ninguém de ser quem eles são; o mundo está progredindo quando o assunto é inclusão, quer você queira, quer não. A única coisa que você fez com seus comentários (sobre a magreza ser sinônimo de beleza e apenas oferecendo tamanhos extra grandes para homens) foi reforçar o conceito deturpado de que mulheres gordas são falhas sociais, indesejáveis. Suas desculpas não mudam isso.
Bem, na verdade, não foi tudo o que você fez. Você também criou uma oportunidade incrível para a mudança social. Na nossa cultura, nunca vemos ensaios fotográficos sensuais que combinam modelos gordas, baixinhas e não-convencionais com modelos não-baixos, não-gordos, modelos profissionais. Para usar suas palavras: “crianças não populares” e “crianças cool [nota do blogEuGordinha: cool = palavra inglesa que significa “legal”]”. Combinar pares iguais, gordos com gordos, magros com magros, é socialmente aceito. Mas nunca contrastar corpos.
A justaposição de pares de corpos diferentes causa desconforto em quem vê – como eu queria que isso não fosse assim. Isso é atribuído a companhias como a sua, que perpetuam o pensamento de que mulheres gordas não são bonitas.
Uma nota: eu não tirei essas fotos para mostrar que o modelo me achou atraente, ou que o fotógrafo me achou fotogênica, ou pra provar que você é um ostentador imbecil. Eu fui inspirada pela oportunidade de mostrar que eu estou segura com meu corpo e pra consolidar isso usando a plataforma controversa que você criou. Eu desafio a segregação entre atraente e gordo, e afirmo que são compatíveis, apesar do que você pensa. Eu não só sei que sou sexy, mas também tenho a confiança para posar nua em posições que você não se atreveria. Você está mais do que convidado para provar que eu estou errada – é só posar sem camisa ao lado de uma garota gorda e gostosa; seria uma honra ver um ensaio!
Eu sei que você não tinha a intenção disso repercutir tanto, mas você é brilhante de muitas formas. Não só é um gênio do marketing (uma marca exclusiva é realmente rentável) mas você também criou uma oportunidade de desafiar nossa construção social atual. Minha esperança é que a combinação desses corpos contrastantes seja tão comum quanto o ideal socialmente aceito.
Jes
P.S.: Se você quiser me oferecer uma “larga quantia” para que eu pare de usar sua marca e minha associação não “cause sérios danos à sua imagem”, não hesite em me contatar. Eu te respeito como um homem de negócios, e meu agente ficaria feliz em contribuir com seu sucesso.
P.P.S: Você deveria saber que sua camiseta tamanho G cabe perfeitamente num tamanho 56. Talvez você queira rever isso.
Leia a carta original em: The Militant Baker
Via Zupi